Porquê um referendo sobre habitação em Lisboa?
Why a referendum about housing in Lisbon?
Queremos implementar um referendo sobre habitação em Lisboa por dois motivos. O primeiro é porque existe um enorme problema com a habitação na cidade: as casas estão impagáveis. Os preços da habitação mais do que duplicaram desde 2014 e estão completamente desfasados dos ordenados locais que ganhamos. Neste momento, 92% das casas que existem para arrendar em Lisboa custam mais de 1000€ por mês e o preço médio de um T1 pequeno, para compra, está nos 250.000€, mas o ordenado mínimo é de apenas 705€. O problema é óbvio. E como não conseguimos pagar as casas que existem, estamos a viver cada vez pior: ou moramos em Lisboa, mas em quartos minúsculos em casas sem condições – sem luz natural, com problemas graves de infiltração, com mau isolamento... ou tivemos de nos mudar para fora da cidade e passamos longas horas da nossa vida em transportes para vir trabalhar ou estudar. Como algumas de nós se viram forçadas a ir embora da cidade estamos também a perder os laços de bairro que construímos no passado. Sobre isto, é importante notar que mais de 20 mil casas em Lisboa estão a ser usadas para alojamento local/turístico. Agora quem pernoita na casa ao lado são pessoas que ficam pouco tempo, são pessoas que não estão interessadas em construir comunidade, e são pessoas que têm muito mais dinheiro para gastar e, por isso, estão dispostas a dar mais do que nós podemos por uma casa. Lisboa perdeu milhares de residentes na última década, mas não foi por escolha nossa. Foi porque os nossos governantes preferiram legislar em favor dos investidores e contra o nosso direito a habitar a cidade.
E este é o segundo motivo pelo qual queremos implementar um referendo sobre habitação em Lisboa: uma vez que os poderes públicos não tomam medidas, teremos de ser nós, habitantes da cidade, a tomá-las. Parece quase absurdo que tenhamos de implementar um referendo por iniciativa cidadã para defender um direito consagrado na Constituição – o direito à habitação – mas essa é a realidade. Para podermos viver na cidade, iremos usar esta ferramenta de democracia direta tão pouco usada em Portugal, e que será usada pela primeira vez em Lisboa: o referendo local. Vamos enfrentar poderes instituídos, as lógicas do costume sobre o investimento imobiliário, argumentos de que devíamos fazer isto ou aquilo e que não estamos a ir na direção certa… mas não desistimos. Queremos implementar um referendo sobre habitação em Lisboa porque precisamos de reclamar a cidade pelas nossas próprias mãos.
E este é o segundo motivo pelo qual queremos implementar um referendo sobre habitação em Lisboa: uma vez que os poderes públicos não tomam medidas, teremos de ser nós, habitantes da cidade, a tomá-las. Parece quase absurdo que tenhamos de implementar um referendo por iniciativa cidadã para defender um direito consagrado na Constituição – o direito à habitação – mas essa é a realidade. Para podermos viver na cidade, iremos usar esta ferramenta de democracia direta tão pouco usada em Portugal, e que será usada pela primeira vez em Lisboa: o referendo local. Vamos enfrentar poderes instituídos, as lógicas do costume sobre o investimento imobiliário, argumentos de que devíamos fazer isto ou aquilo e que não estamos a ir na direção certa… mas não desistimos. Queremos implementar um referendo sobre habitação em Lisboa porque precisamos de reclamar a cidade pelas nossas próprias mãos.